É Necessário Justo e Democrático parar os veículos industriais nos domingos e feriados nalguns países?





Vejamos primeiro os países onde essa proibição não existe, por exemplo: Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Holanda, Bélgica etc. a economia rola em todos os sentidos. Não há atropelos á liberdade de quem pode e quer trabalhar mesmo que seja com um camião. Quem circula de automóvel não se sente incomodado, pois está mentalizado que os camiões transportam os seus bens de consumo, e por isso os camionistas são considerados pessoas gratas.

Vejamos e analisemos dois países de entre outros onde essa proibição é drástica, impiedosa e até abusiva.

França
Aqui neste país, nalguns casos é o Perfeito da região que decide a proibição conforme a sua apatia pelos camiões; bom mas falo da proibição normal, aquela de um domingo ou feriado. Em França, a interdição de circulação de camiões começa às 22:00 da véspera do feriado e vai até às 22:00 do dito feriado. Mas se acontecem dois feriados seguidos, por exemplo: domingo e segunda, aí as coisas complicam-se. Como em alguns países limítrofes não há proibição (Bélgica, Reino Unido, Espanha) e noutros o feriado não é simultâneo, não queiram nem saber a bagunça que existe com os camiões na entrada em França no final desse período.

Agora falo da hipocrisia dos nossos dirigentes políticos comunitários; apregoam a necessidade da diminuição da sinistralidade rodoviária, em especial nos veículos pesados. Em que condições físicas e psíquicas está um condutor que foi obrigado a parar durante o dia e que pelo seu ritmo biológico não conseguiu dormir e agora tem que começar com uma gincana, e fazer de noite o trabalho que foi impedido de fazer durante o dia? Será democracia reter esses homens e mulheres para que quem passeia o possa fazer sem os camiões? Esses homens e mulheres também têm família que os espera dessa viajem, é justo retê-los? Se eles “empatam” durante o dia, depois não “empatam” quem tenha que viajar de automóvel durante a noite e leva com aquela gincana de camiões de uma assentada?

Fala-se de uma crise, e é efectivamente uma triste realidade; mas se obrigamos a parar uma indústria em tempo de crise, ela torna-se ainda mais penalizadora. Os camiões são uma indústria que movimenta uma grande parte da nossa economia. Quando escrevo estas linhas, é dia 11 de Novembro dia feriado em França, e mais uma vez, paragem! São três dias de paragem esta semana para aqueles que para além disso tiveram que parar as tais 45 horas bissemanais (outra asneira).
Agora falo das condições em que e onde essas paragens são feitas. Devido ao volume de camiões e ao fraco poder económico dos condutores que vêm constantemente os seus salários diminuídos, as concessionárias das áreas de serviço, negam por vezes certos serviços básicos de higiene, tais como as toilettes, duches e até uma simples bilha de água. Assim são tratados aqueles trabalhadores que o maior defeito que tem é não serem unidos, porque se fossem… a sua situação não seria esta certamente! Imaginem uma paragem dos transportes durante uma semana!
As recentes normas instituídas no que toca aos horários de trabalho, vieram por fim a alguns abusos neste campo, e estou em parte de acordo com elas, mas digo; só em parte e explico porquê:
Com a chegada da nova geração de tacógrafos electrónicos digitais, torna-se fácil verificar e controlar o cumprimento dos períodos de descanso diário e semanal.
Ora onde eu não estou de acordo é na obrigatoriedade de “gozar” o período de descanso semanal onde ele coincide, que como acima vimos, pode ser num parque sem as condições mínimas de higiene e longe das famílias. Para os motoristas da Europa Central e que se deslocam num raio de 1000 kilómetros, não há problema pois conseguem passar o fim de semana com a família. Mas aqueles que têm as suas origens nas periferias, por exemplo: Portugal, Espanha, Irlanda e países para oriente, como a Roménia, Bulgária e Grécia, ao abrigo destas normas, não conseguem!
Vejamos o trajecto dum motorista Português, que sai à sexta-feira de uma qualquer parte de Portugal e que se dirige à Suécia, terá que passar os seus períodos de descanso semanal, sempre fora de casa, isto é uma vez 24 horas e outra de 45 horas. Creio ter já a experiência suficiente par mostrar aos legisladores uma solução: as horas de repouso diário, está bem. Quanto ao descanso semanal, sairia de Portugal em direcção à Suécia e e regressava e as 24 mais as45 horas, serem descansadas no seu país de origem com a sua família. Com os novos tacógrafos isto é fácil controlar. Para além de valorizar a família, isto viria minimizar a disfunção psicológica dos condutore e se aliada a uma livre circulação nos dias festivos, então aí sim, haveria justiça, democracia e humanismo.
Disse acima que falaria de dois países onde a proibição existe, da França já falei e agora falo da Alemanha; mas poderia também falar da Áustria, onde a proibição começa ao sábado 15 horas e vai até domingo 22 horas e é claro nos feriados também.
Vou dar um exemplo de um camionista alemão que mora na zona de Flensburg e que ficou com o camião carregado sexta feira e terá que entregar a carga na zona de Estugarda na segunda às 6h00; como só pode circular a partir das 22h00 de domingo, e durante o dia não dormiu porque esteve com a família ou o seu ritmo biológico não o permitiu, inicia a viagem então as 22h00. Tudo normal no princípio mas chegadas as 2,ou 4 da manhã, começa a ver curvas onde é recto ou recto onde há curvas, e o acidente acontece. Nas informações de trânsito, a notícia: a auto-estrada A… está cortado devido a um acidente de camião.
Se este colega pudesse circular ao domingo livremente, certamente teria saído depois do almoço, teria dormido no caminho, e assim o acidente teria sido evitado.

lbr